quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

POESIA

Do grande poeta Augusto dos Anjos, Versos Íntimos:


Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!

PARA REFLETIR

"A verdade é sempre um contato interior e inexplicavel."

(Clarisse Lispector)

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

ALIANÇAS QUE AFASTAM - Por David Junior


  
    Não que eu queira ser um grande e respeitado crítico político, nem um articulador partidário, radical, idealista, ou derivados... Me aceito como mero cidadão realista.
    É fato, e já costumamos ver, políticos se digladiarem em seus palanques na busca por objetivos de um idealismo partidarista que se diz voltar-se para o bem do povo. Também é fato, e já acostumamos ver os mesmos se unirem, trabalharem um em prol do outro, invertendo os papéis, de seres que disputam acirradamente um território na tentativa de alcançarem e satisfazerem seus nichos ecológicos, para seres que vivem um cordial e harmônico mutualismo.  Esquece-se, portanto as velhas e utópicas ideologias, o bem comum, e a essência da política, substituindo-a por um jogo de interesses individuais e convenientes.
    Claro e evidente, há alianças que significam muito, tanto para o partido e seus interesses quanto para o povo e suas necessidades, alegram e satisfazem políticos e público. Há alianças que entristecem, revoltam, e desanimam o povo por conhecerem a história de certos “homens públicos”, que se aliam na oportunidade de estarem em meio ao poder, mesmo que não usufruam dele, querem apenas nome, dinheiro e “boas” amizades, esquecendo como sempre a vontade do povo.


Padre Pedro Inácio Ribeiro, O Santo do Sertão - Por Armando Lopes Rafael

Existe na cidade de Brejo Santo um pequeno memorial em homenagem ao Padre Pedro Inácio Ribeiro – onde estão expostos objetos de uso pessoal deste sacerdote –vigário daquela cidade durante exatos 33 anos. Padre Pedro Ribeiro morreu com fama de santidade e muitas pessoas asseguram ter obtido graças por sua intercessão.

Nascido em Missão Velha, em 19 de maio de 1902, Pedro Inácio passou sua infância e juventude na cidade de Crato. Sentindo inclinação para o sacerdócio estudou no Seminário São José de Crato e no Seminário da Prainha, em Fortaleza, vindo a ser ordenado sacerdote no dia 17 de abril de 1927, na Catedral de Nossa Senhora da Penha de Crato, pelo primeiro bispo da diocese, Dom Quintino. Em 1º de janeiro de 1930 assumiu a Paróquia do Sagrado Coração de Jesus, de Brejo Santo, onde permaneceu até a data do seu falecimento, ocorrido em 3 de janeiro de 1973. Em Brejo Santo seu sacerdócio não foi vivido mediante obras especiais ou de caráter extraordinário, mas sim na fidelidade cotidiana do exercício do ministério que abraçou. Reside aí, provavelmente, a dimensão da santidade sacerdotal atribuída ao Padre Pedro Ribeiro. Na verdade, ele viveu seu sacerdócio na consistência do amor a Cristo e a sua Igreja; no amor aos pobres e necessitados; na compaixão pelas almas desviadas e no amor pela pregação do Evangelho de Jesus Cristo. Aliado a tudo isso, a simplicidade, mansidão e humildade de que era dotado o Padre Pedro Ribeiro contribuíram para ele conquistar o afeto de adultos e crianças. Todos em Brejo Santo tinham carinho por seu pastor.

O trabalho missionário de Padre Pedro não foi feito somente no município de Brejo Santo. Durante alguns anos ele deu assistência ao povo da cidade e da zona rural de Porteiras, conforme atesta o historiador Napoleão Tavares Neves, no texto “O Padre Pedro que conheci”, escrito a partir da leitura feita por ele do opúsculo “O Santo do Sertão–Uma biografia”, publicado pela Fundação Memorial Padre Pedro Inácio Ribeiro, de Brejo Santo.

Segundo Maria Santana Leite – na monografia “Pequena História da Paróquia de Brejo Santo”: “O Padre Pedro foi sempre um pai espiritual para todos os paroquianos. Estava sempre preocupado com os agricultores sofridos, especialmente na época da seca, quando as famílias pobres da zona rural passavam necessidades. Era um entusiasta com a catequese das crianças a quem dedicava um carinho todo especial, participando das aulas de catecismo, levando-as a passear em momentos de lazer, promovendo brincadeiras, além de distribuir moedas e pequenos brindes à criançada.

“Evangelizou mais com seu desprendimento das coisas materiais, sua vida de oração, adoração e contemplação; pelo seu testemunho de vida, do que mesmo pelas pregações, embora nunca deixasse de fazer as homilias por mais simples que fosse. A tônica de suas pregações era sempre o amor, a partilha, a vida de santidade. Sua metodologia era a do perdão. Pregava um Deus Pai amoroso, misericordioso. Nunca julgava nem condenava ninguém, pelo contrário incentivava e conduzia à conversão.

“Além do Sagrado Coração de Jesus, era devotíssimo de Maria Santíssima, de Santa Teresinha do Menino Jesus e de São Geraldo”. Nos últimos quinze anos de sua vida, Padre Pedro Inácio Ribeiro foi acometido de forte reumatismo que o deixou paralítico. Nos tempos finais perdeu também a visão. Nunca reclamou de nenhuma dessas provações. Ele foi, enfim, um sacerdote bom, piedoso e santo, que fez um bem imenso aos seus paroquianos.

FONTE: BLOG DO CRATO 

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

CHAPEUZINHO VERMELHO - Millôr Fernandes

Era uma vez (admitindo-se aqui o tempo como uma realidade palpável, estranho, portanto, à fantasia da história) uma menina, linda e um pouco tola, que se chamava Chapeuzinho Vermelho. (Esses nomes que se usam em substituição do nome próprio chamam-se alcunha ou vulgo). Chapeuzinho Vermelho costumava passear no bosque, colhendo Sinantias, monstruosidade botânica que consiste na soldadura anômala de duas flores vizinhas pelos invólucros ou pelos pecíolos, Mucambés ou Muçambas, planta medicinal da família das Caparidáceas, e brincando aqui e ali com uma Jurueba, da família dos Psitacídeos, que vivem em regiões justafluviais, ou seja, à margem dos rios. Chapeuzinho Vermelho andava, pois, na Floresta, quando lhe aparece um lobo, animal selvagem carnívoro do gênero cão e... (Um parêntesis para os nossos pequenos leitores — o lobo era, presumivelmente, uma figura inexistente criada pelo cérebro superexcitado de Chapeuzinho Vermelho. Tendo que andar na floresta sozinha, - natural seria que, volta e meia, sentindo-se indefesa, tivesse alucinações semelhantes.).

Chapeuzinho Vermelho foi detida pelo lobo que lhe disse: (Outro parêntesis; os animais jamais falaram. Fica explicado aqui que isso é um recurso de fantasia do autor e que o Lobo encarna os sentimentos cruéis do Homem. Esse princípio animista é ascentralíssimo e está em todo o folclore universal.) Disse o Lobo: "Onde vais, linda menina?" Respondeu Chapeuzinho Vermelho: "Vou levar estes doces à minha avozinha que está doente. Atravessarei dunas, montes, cabos, istmos e outros acidentes geográficos e deverei chegar lá às treze e trinta e cinco, ou seja, a uma hora e trinta e cinco minutos da tarde".

Ouvindo isso o Lobo saiu correndo, estimulado por desejos reprimidos (Freud: "Psychopathology Of Everiday Life", The Modern Library Inc. N.Y.). Chegando na casa da avozinha ele engoliu-a de uma vez — o que, segundo o conceito materialista de Marx indica uma intenção crítica do autor, estando oculta aí a idéia do capitalismo devorando o proletariado — e ficou esperando, deitado na cama, fantasiado com a roupa da avó.

Passaram-se quinze minutos (diagrama explicando o funcionamento do relógio e seu processo evolutivo através da História). Chapeuzinho Vermelho chegou e não percebeu que o lobo não era sua avó, porque sofria de astigmatismo convergente, que é uma perturbação visual oriunda da curvatura da córnea. Nem percebeu que a voz não era a da avó, porque sofria de Otite, inflamação do ouvido, nem reconheceu nas suas palavras, palavras cheias de má-fé masculina, porque afinal, eis o que ela era mesmo: esquizofrênica, débil mental e paranóica pequenas doenças que dão no cérebro, parte-súpero-anterior do encéfalo. (A tentativa muito comum da mulher ignorar a transformação do Homem é profusamente estudada por Kinsey em "Sexual Behavior in the Human Female". W. B. Saunders Company, Publishers.) Mas, para salvação de Chapeuzinho Vermelho, apareceram os lenhadores, mataram cuidadosamente o Lobo, depois de verificar a localização da avó através da Roentgenfotografia. E Chapeuzinho Vermelho viveu tranqüila 57 anos, que é a média da vida humana segundo Maltus, Thomas Robert, economista inglês nascido em 1766, em Rookew, pequena propriedade de seu pai, que foi grande amigo de Rousseau.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

POESIA

De Hérlon Fernandes Gomes, trecho de Insatisfação:

"Meu lamento tem a cor da saudade,
O batuque oco da ausência,
O gosto insosso de um vazio  de convento."

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

COMPARTILHANDO

    É com muita alegria e prazer que comunico aos leitores desse recanto a minha aprovação no vestibular. Passei anos sonhando com esse momento, juntamente com parentes, colegas e amigos. Desde já, vejo que a jornada não será tão fácil, mas nada que a força de vontade e o amor pelo que será feito não deixe para trás.
   Cursarei Psicologia, em resumo, o estudo da mente humana, área que sempre admirei e de onde surgiu um afeto encantador. A dedicação a este curso será um dos objetivos que levarei adiante, enfrentando as adversidades da vida universitária e social.
   Agradeço de coração aos que torceram e acreditaram em mim!